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as garotas


O que elas tem em comum? Poderia dizer que são de sagitário, mas é um pecado associar a palavra comum ao signo de sagitário, mesmo que seja para comparar coincidências. Inconstantes, independentes, autênticas, otimistas, divertidas, palhaças, difíceis de segurar. - Depende quem segura *cof* - São FOGO!

Juh

Faz História, é EXTREMAMENTE exagerada, fala muito alto, ri mais alto ainda, adora a língua espanhola [assim como as espécimes do sexo masculino que falam essa língua]. Acredita ter sonhos premonitórios [apenas os convenientes] e ama escrever.

Carollis

Faz Design Gráfico, apaixonada por fotografia, gatos [não só os animais - *cof* - Gosto compartilhado pela Juh também] ama ser taxada como inconstante, não consegue controlar seus comentários sarcásticos, além de ver 'duplo sentido' em tudo!


diversos




MEMORIES



domingo, 17 de janeiro de 2010

My Heart is Heavy - Post IV

Com um dedo entre as páginas marcadas do livro, observei-a se virar lentamente para mim e só então eu pude perceber que havia alguma coisa errada ali. Não eram só os seus olhos marejados d'água que me chamavam a atenção, já que aquilo talvez pudesse não representar nada demais, mas era a profundidade dos sentimentos que tentavam passar por eles, como se quisessem sair dali a força, por não aguentar mais ficarem presos naquela alma. Eles pareciam gritar súplicas que eu não conseguia ouvir.

Franzi a testa automaticamente - um hábito que eu não conseguia refrear quando algo me intrigava, me chamava a atenção ou me colocava a pensar - enquanto ainda a encarava, esperando a sua resposta. O certo talvez fosse deixar aquilo para lá, não me meter na dor alheia, mas seus olhos me hipnotizavam. A sensação de que eles talvez estivessem tentando me dizer algo parecia mais gritante agora, como se eles estivessem completamente afogados numa angústia sem tamanho.

Mantive o contato visual, que era sustentado por ela com igual força, talvez ainda pensando se valeria a pena colocar tudo aquilo para fora, em frente a um estranho. Meus modos, que não eram muitos, devo ressaltar ainda insistiam para que eu parasse com aquilo, mas eu simplesmente não conseguia. Talvez eu pudesse ficar ali até o final da viagem e eu estava considerando essa hipótese, quando ela abriu um sorriso. Não era um sorriso sincero, já que não era feliz e ele parecia muito mais doloroso por estar se mostrando a força. Franzi ainda mais a minha testa, esperando e querendo ainda mais entender o que se passava ali, quando ela finalmente respondeu. Uma resposta mais do que previsível, já que ninguém se abriria com um estranho tão facilmente, e que deveria ter me feito parar de olhá-la de imediato, com um pedido de desculpas.

Mas ao observá-la fechar os seus olhos por instantes, abri-los em seguida e continuar a me afirmar que não era nada e que era uma tola por estar resmungando sozinha dentro de um trem – mesmo que afirmar parecesse fazer com que aquilo tudo doesse mais – eu não pude deixar de encará-la com mais profundidade, talvez até ultrapassando os limites, como se aquilo pudesse me fazer entender a situação toda. Não sei se eu esperava que ela me dissesse algo, ao sustentar a minha atitude tão peculiar ou mesmo se eu queria que ela me dissesse o que se passava. Eu também não entendia o que me prendia àquele olhar, mas algo que ela vira nos meus olhos a fez dizer o que estava sentindo ou pelo menos parte daquilo.

E mesmo quando ela se virou para a janela, ainda falando mais para ela mesma do que para mim, eu não pude deixar de absorver cada palavra dita, como se elas estivessem sendo gravadas fortemente em minha memória. Como se inconscientemente aquilo fosse me servir de alguma coisa. Mesmo que eu não tivesse o perfil de psicólogo esporádico ou que eu pudesse resolver qualquer um dos problemas dela, mas aquilo tudo me parecia atrair de uma forma estranha. Palavras e situações tão comuns e ao mesmo tempo tão particulares, que não me diziam respeito, mas que me puxavam para elas da mesma forma.

Então ela finalmente parou de falar, mas continuou a olhar pela janela do trem, e eu continuei na mesma posição anterior, ainda me debatendo fortemente com tudo aquilo que me havia sido dito. Eu tinha minhas opiniões – nada favoráveis, devo acrescentar – acerca dessa instituição chamada “casamento” e minha visão a respeito de um casamento do tipo do dela, eram ainda menos animadoras e muito menos confortadoras. Mas eu sabia que criticá-la, por mais que eu nunca mais a visse em minha vida, estava fora de cogitação. Ou eu pelo menos teria que me segurar quanto a isso. E a coisa que martelava mais fortemente na minha cabeça, acima de qualquer opinião, era o porque de alguém aguentar tudo aquilo. Eu poderia estar enganado, mas ela não me parecia o tipo de pessoa que segurava um casamento por interesses materiais. Mas como eu mesmo havia pensando, eu poderia estar enganado...

E como não havia muito a dizer, pelo menos eu não queria dizer muito, só tinha uma pergunta a fazer:

-Por quê? - Perguntei, franzindo ainda mais o cenho, se é que isso ainda era possível e encarando-a profundamente, quando ela se virou para mim. -Por que aguentar, quando tudo isso parece te machucar tanto?




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