
Dessa vez eu não esperava, sinceramente, que ela fosse me responder. Ao mesmo tempo em que ela tinha se aberto para mim naqueles poucos minutos em que estávamos sentados lado a lado naquele vagão, eu sabia que as palavras não eram dirigidas a mim. Eram súplicas, desabafos dirigidos a um estranho, mas como forma de auto-avaliação. Como se ela precisasse dizer aquilo em voz alta para ter a certeza de que era aquela situação que a estava deixando assim. Mas mesmo que ela não quisesse ou não fosse responder, continuei a sustentar o seu olhar, que parecia estar preso no meu com a mesma intensidade e angústia de antes. Deixando-a livre para decidir se continuava a desabafar ou não.
Mas eu não poderia impedir que uma curiosidade enorme começasse a crescer dentro de mim. Não, eu não tinha nada a ver com aquela estranha ao meu lado, não tinha nenhuma ligação com ela, nem ao menos a tinha visto uma vez sequer na minha vida, mas era estranho como eu queria tanto saber mais sobre o que a estava deixando assim, ao mesmo tempo em que eu pensava que não, não queria me envolver nos problemas de ninguém ou muito menos ser o responsável por críticas em nada construtivas.
Tenho que confessar que a pouca espera me deixou ligeiramente ansioso, mas por fim ela se decidiu por continuar. Se a solução parecia simples? Bem, eu não poderia responder diretamente, mas não deixava de achar que sim, ela era simples. Ou pelo menos relativamente simples, já que eu não achava que manter um casamento que parecia trazer apenas dor, fosse válido. Eu realmente não entendia o que impelia as pessoas a sofrerem tanto assim. Era uma espécie de sadomasoquismo matrimonial?
Talvez fosse isso... Mas como ela poderia enxergar que deveria encontrar a felicidade, fosse ela dentro ou fora do seu casamento, quando nem ela mesma sabia ao certo o que queria? Quando ela achava que a culpa era totalmente dela, ao invés de pensar que o casamento era feito por duas pessoas? Essas coisas só me faziam acreditar ainda mais que as pessoas não precisavam desse tipo de união oficializada para serem felizes. Que existiam coisas mais importantes para se preocuparem do que manter as aparências ritualísticas de uma determinada sociedade...
Abaixei o olhar ligeiramente, pela primeira vez, tentando medir as minhas palavras ou mesmo avaliar se seria sensato dizer alguma coisas, mas nenhuma crítica mais leve me vinha a mente... Balancei a cabeça e voltei a encará-la.
-Eu realmente não consigo entender... E confesso que queria muito, mas... - Parei, tentando medir as palavras mais uma vez, quando senti o trem parando e apitando a nossa chegada a estação de Volterra, como se fosse um aviso para não continuar. Olhei para ela uma última vez, um pouco nervoso comigo mesmo por ainda ver a angustia e a dúvida naquele olhar e por não ter a coragem de dizer tudo o que estava pensando sobre aquilo. Me levantei, assim que o trem finalmente parou, pegando as minhas coisas e saindo do vagão, pensando que assim seria mais fácil.
Desci do vagão, me dirigindo a saída da estação sem olhar para trás e sabendo que as emoções que aqueles olhos me passaram naquele pouco tempo, me seguiriam...
Mas eu não poderia impedir que uma curiosidade enorme começasse a crescer dentro de mim. Não, eu não tinha nada a ver com aquela estranha ao meu lado, não tinha nenhuma ligação com ela, nem ao menos a tinha visto uma vez sequer na minha vida, mas era estranho como eu queria tanto saber mais sobre o que a estava deixando assim, ao mesmo tempo em que eu pensava que não, não queria me envolver nos problemas de ninguém ou muito menos ser o responsável por críticas em nada construtivas.
Tenho que confessar que a pouca espera me deixou ligeiramente ansioso, mas por fim ela se decidiu por continuar. Se a solução parecia simples? Bem, eu não poderia responder diretamente, mas não deixava de achar que sim, ela era simples. Ou pelo menos relativamente simples, já que eu não achava que manter um casamento que parecia trazer apenas dor, fosse válido. Eu realmente não entendia o que impelia as pessoas a sofrerem tanto assim. Era uma espécie de sadomasoquismo matrimonial?
Talvez fosse isso... Mas como ela poderia enxergar que deveria encontrar a felicidade, fosse ela dentro ou fora do seu casamento, quando nem ela mesma sabia ao certo o que queria? Quando ela achava que a culpa era totalmente dela, ao invés de pensar que o casamento era feito por duas pessoas? Essas coisas só me faziam acreditar ainda mais que as pessoas não precisavam desse tipo de união oficializada para serem felizes. Que existiam coisas mais importantes para se preocuparem do que manter as aparências ritualísticas de uma determinada sociedade...
Abaixei o olhar ligeiramente, pela primeira vez, tentando medir as minhas palavras ou mesmo avaliar se seria sensato dizer alguma coisas, mas nenhuma crítica mais leve me vinha a mente... Balancei a cabeça e voltei a encará-la.
-Eu realmente não consigo entender... E confesso que queria muito, mas... - Parei, tentando medir as palavras mais uma vez, quando senti o trem parando e apitando a nossa chegada a estação de Volterra, como se fosse um aviso para não continuar. Olhei para ela uma última vez, um pouco nervoso comigo mesmo por ainda ver a angustia e a dúvida naquele olhar e por não ter a coragem de dizer tudo o que estava pensando sobre aquilo. Me levantei, assim que o trem finalmente parou, pegando as minhas coisas e saindo do vagão, pensando que assim seria mais fácil.
Desci do vagão, me dirigindo a saída da estação sem olhar para trás e sabendo que as emoções que aqueles olhos me passaram naquele pouco tempo, me seguiriam...
Nenhum comentário:
Postar um comentário