I Would Like To Understand... - Post V

Para falar a verdade, a conversa havia me desinteressado após os primeiros dez minutos. Por mais que eles tentassem entrar em tópicos interessantes, o assunto enveredava para lucros, perdas, investimentos, coisas que minha mente não se permitia absorver por as achar completamente inúteis na verdade eu me debatia internamente se minha vontade de me matar seria maior, caso eles entrassem em assuntos como golfe ou coisas parecidas, mas acho que as duas coisas eram completamente terríveis. Ao invés disso, deixei que mais da metade dos meus pensamentos se voltassem para o fato de que eu a encontrara ali. Não poderia dizer que era o local menos provável para que isso acontecesse, mas de certa forma, era coincidência demais.

Passei a responder aos comentários dos dois com poucas palavras, enquanto observava discretamente os esteriótipos ao redor da mesa, tentando encaixar qualquer um dos homens ali presentes, ao perfil de seu suposto marido. E aquela era uma tarefa ao mesmo tempo difícil e previsível, já que eram todos um bando de pessoas enfadonhas e que viviam única e exclusivamente de aparências. Carlo Venturini, o RP da empresa era o pior tipo possível, daqueles que passariam até a mãe para trás, para ficar bem aos olhos do chefe. Mas eu o havia descartado de primeira. Não sabia o porque, apenas não achava que seria ele. Os outros três homens que estavam à mesa, fora Matheson e Taylor, eu não conhecia, o que eliminava as minhas chances de fazer uma análise. E caso eu os eliminasse, só me restaria Taylor e Matheson. Confesso que meu palpite passou muito mais perto de Maximilliam Matheson do que de Brian Taylor, mas eu achei que seria castigo demais para Evanna, ao mesmo tempo em que me provava que o estado em que ela se encontrava decorreria única e exclusivamente por estar com um tipo como ele.

Esse jogo me cansou um pouco, apesar da curiosidade ainda estar muito latente. Arrisquei olhar algumas vezes para ela, não deixando de notar mais uma vez, que ela estava gostando daquela reunião tanto quanto eu. Talvez não pelos mesmos motivos, mas eu tinha certeza que concordávamos nesse ponto. Suspirei muito baixo, olhando para Brian, que me dirigia uma pergunta a respeito das versões que haviam dos documentos que eu estava traduzindo.

- Como eu lhe disse algumas vezes, essa ainda não é a versão original, já que a própria tradução com a qual eu estou trabalhando, tem erros bastante grotescos e lacunas consideráveis. Mas baseado em algumas interpretações, que devo alertar, serão um pouco parciais, eu posso trabalhar bem com o texto. Mas as pesquisas e as buscas tem que continuar.

Brian concordou, sendo seguido por Maximilliam, que completou, dizendo que eles estavam investindo fundo nessas buscas. Mas antes mesmo que pudéssemos concluir o assunto, Brian sugeriu que fossemos para a sala de estar. Nos encaminhamos para lá, sendo seguidos pelos outros convidados. E enquanto eles entravam no assunto relacionado ao custo e maximização das pesquisas, deixe-me devanear de novo.

Mas não foi por muito tempo, já que logo Evanna apareceu por ali, junto com as outras convidadas. Não me deixei olhá-la por muito tempo, voltando a minha atenção mais uma vez para Taylor e Matheson, o que me permitiu vislumbrar o último acenar para uma delas, como se a chamasse para se juntar a nós. Olhei mais uma vez para elas, de forma discreta, e para minha surpresa ou nem tanto assim, ela estava se aproximando.

E por mais que eu tivesse imaginado várias vezes que ele seria o marido que a fazia infeliz, não era o que eu desejava. Agora, mais do que nunca, eu achava que deveria ser um castigo muito grande, ser qualquer coisa de Matheson.

Observei Matheson passar um dos braços pelas costas de Evanna, não de forma carinhosa, mas completamente possessiva. Peguei a bebida que Taylor me oferecia ao mesmo tempo em que Matheson nos apresentava. Por mais que fosse sensato evitar, minha expressão me traiu, pois a menção do título “minha esposa” soava mais real do que meras constatações ou lógicas deduções. Eu não consegui deixar de encará-la mais uma vez, com a mesma profundidade da primeira vez em que nos olhamos. E ela retribuiu o olhar brevemente, o que fez Matheson se alertar. E eu o havia subestimado. Ele era mais esperto nesse quesito do que eu havia imaginado. Ou talvez não estivesse vendo a situação com olhos de quem desconfia.

E assim que ele perguntou se já nos conhecíamos, fiquei em silêncio, esperando pela resposta dela, mas sem deixar de lhe lançar um olhar levemente irônico. Não posso dizer que não fiquei surpreso com a sua negação, e arqueei a sobrancelha levemente, relaxando em seguida.

-Não tive o prazer de conhece-la antes. -Respondi polidamente, no que Max pareceu acreditar rapidamente. Ou talvez não estivesse dando tanta importância assim ao fato, pois se virou mais uma vez para Brian, ainda com a mão nas costas de Evanna. Segurei qualquer comentário que estivesse querendo vir à superfície e acredite, eram os mais variados possíveis, mas não precisei de muito esforço, já que Brian me fez uma pergunta, a qual eu respondi de forma um pouco desinteressada, mas sem tirar minha atenção completa de Evanna, mesmo que não estivesse a olhá-la. Tudo estava mais do que explicado para mim agora.