I Would Like To Understand... - Post XII

Apesar do céu estar completamente sem estrelas, uma pequena parte da lua resolvera aparecer, mostrando que ela não poderia ficar sempre encoberta pelas nuvens. Que seu dever era iluminar a noite, nem que fosse de forma fraca. E mesmo que ela não estivesse ali, iluminando de forma tão precária ou mesmo que meus olhos não tivessem se acostumado àquela escuridão, eu teria percebido o clarão que passara em seus olhos em resposta as minhas palavras. Um brilho que me mostrava que existia vida ali, existia uma reação a ser desencadeada, mas que estava completamente reprimida.

Confesso que aquilo me deixou esperançoso. E esse sentimento mais uma vez povoou minha mente de dúvidas acerca do que eu realmente desejava. Mas em nenhum momento vacilei em nosso contato visual, que desde a primeira vez fora tão profundo. Eu não poderia evitar sentir que nossos olho pareciam conhecer e devorar um ao outro, como se as almas existentes por trás deles estivessem mais ligadas do que poderíamos imaginar.

- Obrigada por tornar as coisas mais fáceis para mim, Adam. – Sua voz soou sarcástica, apesar de eu poder captar uma pontada de mágoa nela também, por mais que essa não fosse a intenção de Evanna. E aquela mágoa camuflada me chamou mais a atenção do que qualquer outra coisa. Eu não tivera o tato de pensar que talvez ela tivesse pessoas que se preocupassem com ela, que talvez tentassem fazê-la enxergar a realidade ou tentassem fazê-la acordar dessa vida. E que aquela intromissão, por mais que com boas intenções, a estivesse deixando mais sufocada por não conseguir agir. Mas isso não me convenceria a parar, já que eu sentira uma resposta diferente ao minimo estimulo. –Você não entende, então não tem o direito de julgar.

Não, eu não entendia. Mas o que eu não entedia ali era o porque dela ainda estar nessa situação, já que o contexto me era tão claro. Ela me parecia ser uma alma livre, reprimida pelas convenções de um circulo social nocivo. Talvez isso não me desse o direito de julgar, mas como eu poderia ficar calado diante de uma situação dessas, quando todos esses dilemas que ela parecia enfrentar me chamavam de forma tão forte? Se eu não havia conseguido explicar para mim mesmo o porque que eles haviam me chamado, eu não poderia explicar a ela. Mas a sua reação ante as minhas poucas palavras não me fariam desistir, não de forma tão fácil...

Respirei fundo, me virando mais uma vez para frente, encarando a bebida já há muito esquecida. Olhei para o fundo do copo, pela incontável vez essas noite, como se ele pudesse me dar as respostas, mas apenas dando tempo para que ela achasse que eu realmente não me meteria mais naquilo. Fiquei assim por alguns segundos, tomando um gole da bebida em seguida.

-Você quem não está tornando as coisas mais fáceis para si mesma, Evanna.- Me virei mais uma vez para ela, quando terminei de falar, olhando-a nos olhos. -Qualquer um pode perceber que você não está feliz. Você me deixou completamente envolvido com a sua situação ao desabafar comigo naquele trem e nem eu mesmo consigo lhe dizer o porque. Mas só sei que se você ainda quer salvar o seu casamento, se você ainda quer encontrar sentido em tudo isso, esse esforço teria que vir das duas partes. Afinal, um casamento é feito pela união de duas pessoas, duas pessoas que se tornam uma e que por consequência deveriam sentir quando o outro não está bem, quando o outro não está satisfeito.- Não pude deixar que uma pontada de zombaria transparecesse na minha voz, ao falar sobre o casamento e o que ele deveria ser. - E como você mesmo havia me dito. De que adianta somente você tentar e se cansar de tentar, pois a cada tentativa você só verá o fracasso e isso a deixará ainda mais impotente? Me diz qual o sentido disso tudo?