Lancei um vago olhar por entre meus colegas e escolhi um lugar que não ficava perto demais de Adam, o que na verdade era ilusão, já que estávamos trancados dentro de uma sala de aula, para me sentar. Respirei fundo e tentei me concentrar no que eu viera fazer ali, e no quanto eu havia lutado para simplesmente poder estar ali.
“E eu que imaginara que respiraria ar puro. Que estaria livre de qualquer crítica, que longe dos olhos de Max eu podia simplesmente ser eu mesma, que este tempo passado aqui na Universidade seria de liberdade...”
Eu encarava Adam, enquanto ele falava, mas eu não estava mesmo escutando. Como aluna era meu dever prestar atenção no professor, e eu me senti agradecida por observá-lo, analisando seu modo de falar e de se expressar, sem realmente chamar sua atenção, ou de qualquer outra pessoa presente. “Fala como se tivesse o mundo nas mãos, com tanta certeza sobre o que diz que...” Soltei o ar lentamente dos meus pulmões e tentei me concentrar apenas na aula. De que valeria estar ali se eu não aprendesse nada, afinal?
A folha que serviria como chamada chegou até mim, e fiquei encarando-a alguns segundos antes de assiná-la. Eu não podia me envergonhar de carregar o sobrenome Matheson, por mais que o professor o julgasse, juntamente com todos os ‘costumes’ que ele carregava.
“Talvez se eu acreditasse em sinais, eu poderia dizer que isto é um aviso, que não importa aonde eu vá, sempre terá alguém para me julgar, para se impor. Mas não acredito em sinais, não com todo esse agito dentro de mim, simplesmente não posso me deixar esmaecer, não posso deixar esmaecer o brilho nos olhos de quem tem ânsia por viver. Não quero deixar.”
Meus olhos se encontraram com os de Adam brevemente, o necessário para que eu visse aquele brilho que me fazia querer se perder dentro deles toda vez. “Não quero me perder, não em olhos, brilho, palavras, escuridão ou em mim mesma. Quero me encontrar, apenas me encontrar.”
Sorri para a garota que me entregava a ‘matriz curricular’ e repassei com o mesmo sorriso para um cara que se encontrava atrás de mim, voltando a prestar atenção em Adam. A firmeza com que falava de cada autor, sua convicção em dizer cada palavra me fez voltar para aquela noite no terraço, enquanto ele criticava a minha vida.
“Deve estar acostumado a fazer isso, obviamente. Tão fácil dizer como os outros deveriam viver, dizer onde estão errando ou erraram. Sim, tão fácil dizer. Mas estar no lugar de quem é criticado é diferente, não adianta imaginar como seria, tentar se pôr no lugar, por que é diferente. Eu mesma havia repetido incansáveis vezes que seria diferente de minha mãe, e olha o que estou fazendo? Eu também achava fácil, tão fácil que me iludi. A verdade é sempre mais difícil, a realidade machuca sempre mais.”
Novamente meu olhar se cruzou com o dele, e havia algo neles que me fez prestar atenção no que ele falava, como se houvesse naqueles olhos um aviso, ele falava para mim. “Temos apenas a sensação de que somos totalmente livres” Eu repeti para mim mesma, enquanto ele completava seu raciocínio e falava o que queria de nós.
Escutei Giovanna, a garota sentada a minha frente, dar sua opinião e instintivamente prendi a respiração, soltando-a em seguida quando ele apontou para outra garota, aleatoriamente. Eu analisava cada opinião, pensando em qual seria realmente a minha, quando escuto meu nome e levanto os olhos, encarando-o. Eu podia notar o tom da pergunta, a critica camuflada que havia por trás dela, e isso me fez sorrir, um sorriso sincero, divertido, como quando Fábia me perguntava besteiras e eu respondia com ironias.
– Sabe, eu tenho uma opinião um tanto quanto pessoal sobre isso, talvez não seja a mesma opinião da maioria – Lancei um olhar para a turma e voltei a falar – Não importa o século, as pessoas sempre tem o costume de julgar as outras, de criticá-las, baseadas nos seus próprios valores, no que elas vivem e acham que sabem sobre a vida. Esquecem de levar em consideração a situação, o contexto da vida no qual o ‘criticado’ está inserido.
“Não sou criança, Adam. Entenda isso, eu não sou mais uma criança que fica calada enquanto os adultos decidem o que é melhor para ela.”
“E eu que imaginara que respiraria ar puro. Que estaria livre de qualquer crítica, que longe dos olhos de Max eu podia simplesmente ser eu mesma, que este tempo passado aqui na Universidade seria de liberdade...”
Eu encarava Adam, enquanto ele falava, mas eu não estava mesmo escutando. Como aluna era meu dever prestar atenção no professor, e eu me senti agradecida por observá-lo, analisando seu modo de falar e de se expressar, sem realmente chamar sua atenção, ou de qualquer outra pessoa presente. “Fala como se tivesse o mundo nas mãos, com tanta certeza sobre o que diz que...” Soltei o ar lentamente dos meus pulmões e tentei me concentrar apenas na aula. De que valeria estar ali se eu não aprendesse nada, afinal?
A folha que serviria como chamada chegou até mim, e fiquei encarando-a alguns segundos antes de assiná-la. Eu não podia me envergonhar de carregar o sobrenome Matheson, por mais que o professor o julgasse, juntamente com todos os ‘costumes’ que ele carregava.
“Talvez se eu acreditasse em sinais, eu poderia dizer que isto é um aviso, que não importa aonde eu vá, sempre terá alguém para me julgar, para se impor. Mas não acredito em sinais, não com todo esse agito dentro de mim, simplesmente não posso me deixar esmaecer, não posso deixar esmaecer o brilho nos olhos de quem tem ânsia por viver. Não quero deixar.”
Meus olhos se encontraram com os de Adam brevemente, o necessário para que eu visse aquele brilho que me fazia querer se perder dentro deles toda vez. “Não quero me perder, não em olhos, brilho, palavras, escuridão ou em mim mesma. Quero me encontrar, apenas me encontrar.”
Sorri para a garota que me entregava a ‘matriz curricular’ e repassei com o mesmo sorriso para um cara que se encontrava atrás de mim, voltando a prestar atenção em Adam. A firmeza com que falava de cada autor, sua convicção em dizer cada palavra me fez voltar para aquela noite no terraço, enquanto ele criticava a minha vida.
“Deve estar acostumado a fazer isso, obviamente. Tão fácil dizer como os outros deveriam viver, dizer onde estão errando ou erraram. Sim, tão fácil dizer. Mas estar no lugar de quem é criticado é diferente, não adianta imaginar como seria, tentar se pôr no lugar, por que é diferente. Eu mesma havia repetido incansáveis vezes que seria diferente de minha mãe, e olha o que estou fazendo? Eu também achava fácil, tão fácil que me iludi. A verdade é sempre mais difícil, a realidade machuca sempre mais.”
Novamente meu olhar se cruzou com o dele, e havia algo neles que me fez prestar atenção no que ele falava, como se houvesse naqueles olhos um aviso, ele falava para mim. “Temos apenas a sensação de que somos totalmente livres” Eu repeti para mim mesma, enquanto ele completava seu raciocínio e falava o que queria de nós.
Escutei Giovanna, a garota sentada a minha frente, dar sua opinião e instintivamente prendi a respiração, soltando-a em seguida quando ele apontou para outra garota, aleatoriamente. Eu analisava cada opinião, pensando em qual seria realmente a minha, quando escuto meu nome e levanto os olhos, encarando-o. Eu podia notar o tom da pergunta, a critica camuflada que havia por trás dela, e isso me fez sorrir, um sorriso sincero, divertido, como quando Fábia me perguntava besteiras e eu respondia com ironias.
– Sabe, eu tenho uma opinião um tanto quanto pessoal sobre isso, talvez não seja a mesma opinião da maioria – Lancei um olhar para a turma e voltei a falar – Não importa o século, as pessoas sempre tem o costume de julgar as outras, de criticá-las, baseadas nos seus próprios valores, no que elas vivem e acham que sabem sobre a vida. Esquecem de levar em consideração a situação, o contexto da vida no qual o ‘criticado’ está inserido.
“Não sou criança, Adam. Entenda isso, eu não sou mais uma criança que fica calada enquanto os adultos decidem o que é melhor para ela.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário