Voltei a olhar para a turma, enquanto eles debatiam a vida do ‘autor’, mas eu novamente não estava prestando atenção. “Que liberdade é essa que tanto falam, se suas próprias palavras são de censura? Cada um deve conquistar sua liberdade ao seu tempo, não se pode obrigar que todos sigam as mesmas regras. O jogo não é o mesmo para todos. Talvez o pior de tudo, é que todos eles, Fábia, Jeff e agora Adam, todos eles tem uma opinião sobre mim que não é verdadeira. Quem disse que eu também não quero tentar? Ou ser livre? Mas como, como poderia simplesmente jogar tudo para o alto, jogar tudo o que eu fui até agora para o alto?”
“Eu deveria simplesmente ir para casa agora e avisar Max que quero o divórcio, assim simples? E quem eu teria, então? Para quem eu voltaria todos os dias? Ainda que seja um mundo ao qual eu não pertenço, um mundo cheio de regras e bons modos, ainda assim, foi esse mundo que me recebeu de braços abertos quando casei com Max. Eu fui acolhida, me colocaram dentro dele, como parte dele, sem me questionar nenhuma vez os motivos. Provavelmente nenhum tinha emoção o suficiente para se contrapor, mas mesmo se tivesse: foram educados para não ir além do limite que lhes é permitido.”
“E este outro mundo, onde não há regras, apenas emoção. Viva. Viva, eles dizem, apenas se arrisque, se jogue. Eles têm pressa, têm uma ânsia incontrolável de sentir, e querem que todos façam o mesmo. Não se importam com o limite de cada um, transpõem as barreiras que lhe são impostas sem pestanejar, julgando os que não consideram capazes.”
Eu rabiscava coisas sem nexo na folha em branco a minha frente, quando percebo o agito da turma, murmurando como a aula havia passado rapidamente. Um leve suspiro escapou de meus lábios, enquanto eu erguia os olhos e percebia que Adam escrevera seu e-mail no quadro, pedindo que todos lhe mandassem o seu. Copiei rapidamente em meio aos rabiscos na folha de papel, e comecei a organizar minhas coisas, enquanto eu percebia que a maioria já se levantava para sair.
Me levantei também, guardando as últimas coisas, tentando me apressar para que não fosse a última a sair “É tudo que eu menos quero agora. Ficar sozinha dentro de uma sala de aula com Adam.” quando percebo meus dedos manchados de tinta azul. Respirei fundo ao ver a caneta que havia estourado dentro do meu estojo “Ótimo! Era absolutamente tudo que me faltava.” que além dos meus dedos, havia sujado todas as outras coisas que havia dentro dele.
Comecei a tirar as coisas de dentro do estojo, com a intenção de limpar o máximo possível, quando vejo a última aluna sair porta afora. “Talvez eu deva começar a acreditar em sinais. Talvez toda essa agitação que sinto dentro de mim não seja realmente de expectativa, e sim de temor, de medo do desconhecido. E eu simplesmente não estou conseguindo entender como as outras tantas coisas que eu não entendo.”
Sou desperta dos meus pensamentos com as mãos de Adam tirando as canetas das minhas e levanto o olhar para encará-lo. Havia ali, naquele encontro de olhares, uma ligação inexplicável e novamente me veio a sensação que eu havia sentido no trem ‘a de que ele queria entender’. “Mas não entende. Como poderia? Se seus ideais estão moldados de tal forma que não lhe deixam ver direito. Talvez todo esse brilho nos seus olhos, Adam, esse mesmo brilho que faz eu querer me perder e me encontrar dentro deles incansáveis vezes, esteja te cegando. Da mesma forma que eu não consigo entender, não consigo ver esse mundo que você parece querer me fazer viver, você não consegue ver o meu”.
- Não – Balancei levemente a cabeça – Eu não preciso de ajuda. – Eu não sabia se estava dizendo aquelas palavras apenas pelo desastre no estojo ou por todo o resto na minha vida. Tudo parecia se fundir de tal forma, que novamente eu me sentia sufocada, anestesiada por tanta incompreensão.
“Eu deveria simplesmente ir para casa agora e avisar Max que quero o divórcio, assim simples? E quem eu teria, então? Para quem eu voltaria todos os dias? Ainda que seja um mundo ao qual eu não pertenço, um mundo cheio de regras e bons modos, ainda assim, foi esse mundo que me recebeu de braços abertos quando casei com Max. Eu fui acolhida, me colocaram dentro dele, como parte dele, sem me questionar nenhuma vez os motivos. Provavelmente nenhum tinha emoção o suficiente para se contrapor, mas mesmo se tivesse: foram educados para não ir além do limite que lhes é permitido.”
“E este outro mundo, onde não há regras, apenas emoção. Viva. Viva, eles dizem, apenas se arrisque, se jogue. Eles têm pressa, têm uma ânsia incontrolável de sentir, e querem que todos façam o mesmo. Não se importam com o limite de cada um, transpõem as barreiras que lhe são impostas sem pestanejar, julgando os que não consideram capazes.”
Eu rabiscava coisas sem nexo na folha em branco a minha frente, quando percebo o agito da turma, murmurando como a aula havia passado rapidamente. Um leve suspiro escapou de meus lábios, enquanto eu erguia os olhos e percebia que Adam escrevera seu e-mail no quadro, pedindo que todos lhe mandassem o seu. Copiei rapidamente em meio aos rabiscos na folha de papel, e comecei a organizar minhas coisas, enquanto eu percebia que a maioria já se levantava para sair.
Me levantei também, guardando as últimas coisas, tentando me apressar para que não fosse a última a sair “É tudo que eu menos quero agora. Ficar sozinha dentro de uma sala de aula com Adam.” quando percebo meus dedos manchados de tinta azul. Respirei fundo ao ver a caneta que havia estourado dentro do meu estojo “Ótimo! Era absolutamente tudo que me faltava.” que além dos meus dedos, havia sujado todas as outras coisas que havia dentro dele.
Comecei a tirar as coisas de dentro do estojo, com a intenção de limpar o máximo possível, quando vejo a última aluna sair porta afora. “Talvez eu deva começar a acreditar em sinais. Talvez toda essa agitação que sinto dentro de mim não seja realmente de expectativa, e sim de temor, de medo do desconhecido. E eu simplesmente não estou conseguindo entender como as outras tantas coisas que eu não entendo.”
Sou desperta dos meus pensamentos com as mãos de Adam tirando as canetas das minhas e levanto o olhar para encará-lo. Havia ali, naquele encontro de olhares, uma ligação inexplicável e novamente me veio a sensação que eu havia sentido no trem ‘a de que ele queria entender’. “Mas não entende. Como poderia? Se seus ideais estão moldados de tal forma que não lhe deixam ver direito. Talvez todo esse brilho nos seus olhos, Adam, esse mesmo brilho que faz eu querer me perder e me encontrar dentro deles incansáveis vezes, esteja te cegando. Da mesma forma que eu não consigo entender, não consigo ver esse mundo que você parece querer me fazer viver, você não consegue ver o meu”.
- Não – Balancei levemente a cabeça – Eu não preciso de ajuda. – Eu não sabia se estava dizendo aquelas palavras apenas pelo desastre no estojo ou por todo o resto na minha vida. Tudo parecia se fundir de tal forma, que novamente eu me sentia sufocada, anestesiada por tanta incompreensão.
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