Assim como, um dia, eu pude sentir a força que chegara a mim, exigente e ansiosa, do mesmo modo eu pude também sentí-la ir. Eu desejava poder me agarrar a ela, fazê-la se multiplicar, até que fosse de tamanha imensidão que levaria para longe todos os medos. Mas eu não consegui, me senti aos poucos voltar ao que era, resignada com uma vida que sentia veemente não querer pertencer. Eu não podia me culpar por recuar, me deixar abater, tão pouco poderia culpar qualquer outra pessoa. “Talvez esteja fadada a viver assim. Então, por mais que eu tente, por mais que veja as portas que deva abrir, eu não consigo ultrapassá-las, encontram-se fechadas, chaveadas. E as chaves que eu deveria achar, me foram escondidas. Perdi-as para sempre.”
Apoiei minha cabeça em uma das mãos, enquanto eu olhava para a tela do computador. Por noites seguidas eu ficava acordada, atormentada por uma insônia que ganhava mais força a cada noite. Era quase como pesadelos, mas com os olhos abertos. Eu podia ver tudo aquilo que me esperava, tudo aquilo que poderia ter sido, mas não foi. E o sentimento de impotência afastava o sono, deixando-me perdida com meus pensamentos. Então, nessas noites, eu me via grudada na tela do computador, como se pudesse tirar dali as respostas para a minha agonia.
Deixei-me cair de costas na cama, enquanto encarava o teto, mas sem o ver realmente. Meus pensamentos automaticamente se voltaram para Adam, como vinham fazendo desde que eu o conhecera naquele trem. Eu já havia concluído de que não me arrependera de nada do que dissera a ele naquele dia, ainda que tais palavras ditas como um desabafo, tenham se colocado entre nós de tal forma, que um não conseguia enxergar o mundo do outro. Minhas últimas palavras dirigidas à Adam haviam sido de exaustão, eu estava fatigada de tanto ter que explicar algo que nem eu sabia direito o porquê. Eu simplesmente não conseguia me ver em um mundo que não fosse o de Max, e o mais estranho, era que eu queria ver, queria sentir tudo aquilo que minha alma parecia ansiar, mas eu não conseguia.
Estava impotente, presa a um mundo ao qual eu não pertencia, e sem conseguir se ver longe dele, a não ser quando meus olhos se encontravam com os de Adam. Havia ali uma ligação, um reconhecimento, como se nossos olhos, ou o que havia por trás deles, se conhecessem a um tempo muito mais longo do que fôssemos capazes de compreender. E justamente por ter conhecimento disso, que eu o evitara. Compareci as aulas seguintes porque abandonar o curso seria infantil, e eu que não queria mais ser tratada como uma criança sem direito a escolha, não podia me permitir mais um julgamento do tipo. Mas eu sentia que já não estava mais tão ansiosa por aquilo como estivera no primeiro dia. De certa forma o encanto se perdera e me vi se retrair cada vez mais, ainda que involuntariamente.
“Novamente presa dentro do casulo que eu mesma criei. Vivendo em um mundo próprio, alheia a todo o resto, exceto a minha dor e as lembranças insistentes do passado.” Me virei de lado, encarando a tela do computador que se encontrava sobre a cama, tentando ver além dele, como se eu pudesse tirar qualquer tipo de resposta dali, por simplesmente encará-lo por quanto tempo eu achasse necessário. Balancei a cabeça, como se espantasse qualquer tipo de pensamento para longe e levei minha mão para fechá-lo, quando um alerta de nova mensagem de e-mail aparece na tela.
Consultei a hora e vi que já era demasiado tarde para que fosse uma mensagem de Jeff, ou qualquer outra pessoa que poderia me mandar um e-mail, ainda que eu não lembrasse de qualquer outra que tivesse motivos para isso, então conclui que provavelmente algo havia passado pelo filtro de spam. “Certas respostas deveriam vir assim, como um alerta insistente, luminoso, que não lhe deixa desviar os olhos ou prestar atenção em qualquer outra coisa até que você realmente veja” Fechei os olhos, consumida mais uma vez por aquela dor devastadora de ver sua vida se esvaindo, e não ter forças para lutar por ela. Com um suspiro profundo, abri novamente os olhos e cliquei em cima do alerta, abrindo a mensagem.
O inesperado que vi me fez sentar na cama, lendo cada palavra e sentindo como se fossem-me ditas em voz alta. Eu quase podia ver Adam ali, a compreensão e a dúvida em seus olhos e todo aquele brilho de todas as emoções que ele sentia enquanto digitava cada palavra. Eu senti a mesma agitação interior que sentira semanas atrás se apossar novamente de mim enquanto lia a mensagem, mas não me iludi quanto a isso. Apenas deixei-a ali, inebriada pela sensação de força que ela me dava.
Fechei os olhos tentando encontrar palavras que formulassem uma resposta, mas não as encontrei de imediato. Eu apenas sentia aquele agito, aquela ânsia, mas eu tinha medo de me apegar a ela. Eu conhecia a dor do abandono, o que era sentir-se forte para logo depois sentir-se fraca, e assim eu também sabia que não queria que Adam se afastasse por completo. Eu não entendia o porquê, mas o simples fato de imaginar tal hipótese parecia machucar tanto quanto a força que me abandonara dias atrás.
“Adam,
“Sinceramente, não lhe desculparei pelo simples fato de que não me deves desculpas. Nossos mundos estão separados por palavras que ambos não compreendemos, apenas sabemos ser verdadeiras. Não lhe culpo nem por um instante por ter tentado achar as respostas que nem eu mesma encontrei, mas eu simplesmente cansei da busca antes de você.
Não me entenda mal, por favor. Eu não me considero uma pessoa fraca, sei que existe uma força em mim que ninguém jamais imaginara, mas eu preciso crer em algo para poder ir atrás, ir a luta. Eu tenho procurado no que crer, no que me apegar fora desse mundo, mas eu não encontro. Não me vejo em outro lugar se não esse em que estou, mesmo sentindo, e sabendo querer, que não é aonde pertenço.
Você não é a primeira pessoa a tentar me despertar Adam, ainda que fora da forma menos gentil que a maioria, mas eu compreendo que é o seu jeito de se expressar, tão vivo em você como o brilho desses olhos que me fazem ter ânsia por acreditar em algo que possa me libertar. Ainda assim, essa é uma busca minha e todas as decisões que competem para realizá-la devem ser tomadas somente por mim.
Então, ao invés de lhe desculpar por algo que na verdade não é necessário, apenas lhe peço que entenda, ou tente entender: Eu não posso caminhar depressa por um caminho desconhecido em busca de algo que eu nem mesmo sei o que é. Preciso seguir meu próprio ritmo, ao meu próprio tempo.”
Evanna”
Apoiei minha cabeça em uma das mãos, enquanto eu olhava para a tela do computador. Por noites seguidas eu ficava acordada, atormentada por uma insônia que ganhava mais força a cada noite. Era quase como pesadelos, mas com os olhos abertos. Eu podia ver tudo aquilo que me esperava, tudo aquilo que poderia ter sido, mas não foi. E o sentimento de impotência afastava o sono, deixando-me perdida com meus pensamentos. Então, nessas noites, eu me via grudada na tela do computador, como se pudesse tirar dali as respostas para a minha agonia.
Deixei-me cair de costas na cama, enquanto encarava o teto, mas sem o ver realmente. Meus pensamentos automaticamente se voltaram para Adam, como vinham fazendo desde que eu o conhecera naquele trem. Eu já havia concluído de que não me arrependera de nada do que dissera a ele naquele dia, ainda que tais palavras ditas como um desabafo, tenham se colocado entre nós de tal forma, que um não conseguia enxergar o mundo do outro. Minhas últimas palavras dirigidas à Adam haviam sido de exaustão, eu estava fatigada de tanto ter que explicar algo que nem eu sabia direito o porquê. Eu simplesmente não conseguia me ver em um mundo que não fosse o de Max, e o mais estranho, era que eu queria ver, queria sentir tudo aquilo que minha alma parecia ansiar, mas eu não conseguia.
Estava impotente, presa a um mundo ao qual eu não pertencia, e sem conseguir se ver longe dele, a não ser quando meus olhos se encontravam com os de Adam. Havia ali uma ligação, um reconhecimento, como se nossos olhos, ou o que havia por trás deles, se conhecessem a um tempo muito mais longo do que fôssemos capazes de compreender. E justamente por ter conhecimento disso, que eu o evitara. Compareci as aulas seguintes porque abandonar o curso seria infantil, e eu que não queria mais ser tratada como uma criança sem direito a escolha, não podia me permitir mais um julgamento do tipo. Mas eu sentia que já não estava mais tão ansiosa por aquilo como estivera no primeiro dia. De certa forma o encanto se perdera e me vi se retrair cada vez mais, ainda que involuntariamente.
“Novamente presa dentro do casulo que eu mesma criei. Vivendo em um mundo próprio, alheia a todo o resto, exceto a minha dor e as lembranças insistentes do passado.” Me virei de lado, encarando a tela do computador que se encontrava sobre a cama, tentando ver além dele, como se eu pudesse tirar qualquer tipo de resposta dali, por simplesmente encará-lo por quanto tempo eu achasse necessário. Balancei a cabeça, como se espantasse qualquer tipo de pensamento para longe e levei minha mão para fechá-lo, quando um alerta de nova mensagem de e-mail aparece na tela.
Consultei a hora e vi que já era demasiado tarde para que fosse uma mensagem de Jeff, ou qualquer outra pessoa que poderia me mandar um e-mail, ainda que eu não lembrasse de qualquer outra que tivesse motivos para isso, então conclui que provavelmente algo havia passado pelo filtro de spam. “Certas respostas deveriam vir assim, como um alerta insistente, luminoso, que não lhe deixa desviar os olhos ou prestar atenção em qualquer outra coisa até que você realmente veja” Fechei os olhos, consumida mais uma vez por aquela dor devastadora de ver sua vida se esvaindo, e não ter forças para lutar por ela. Com um suspiro profundo, abri novamente os olhos e cliquei em cima do alerta, abrindo a mensagem.
O inesperado que vi me fez sentar na cama, lendo cada palavra e sentindo como se fossem-me ditas em voz alta. Eu quase podia ver Adam ali, a compreensão e a dúvida em seus olhos e todo aquele brilho de todas as emoções que ele sentia enquanto digitava cada palavra. Eu senti a mesma agitação interior que sentira semanas atrás se apossar novamente de mim enquanto lia a mensagem, mas não me iludi quanto a isso. Apenas deixei-a ali, inebriada pela sensação de força que ela me dava.
Fechei os olhos tentando encontrar palavras que formulassem uma resposta, mas não as encontrei de imediato. Eu apenas sentia aquele agito, aquela ânsia, mas eu tinha medo de me apegar a ela. Eu conhecia a dor do abandono, o que era sentir-se forte para logo depois sentir-se fraca, e assim eu também sabia que não queria que Adam se afastasse por completo. Eu não entendia o porquê, mas o simples fato de imaginar tal hipótese parecia machucar tanto quanto a força que me abandonara dias atrás.
“Adam,
“Sinceramente, não lhe desculparei pelo simples fato de que não me deves desculpas. Nossos mundos estão separados por palavras que ambos não compreendemos, apenas sabemos ser verdadeiras. Não lhe culpo nem por um instante por ter tentado achar as respostas que nem eu mesma encontrei, mas eu simplesmente cansei da busca antes de você.
Não me entenda mal, por favor. Eu não me considero uma pessoa fraca, sei que existe uma força em mim que ninguém jamais imaginara, mas eu preciso crer em algo para poder ir atrás, ir a luta. Eu tenho procurado no que crer, no que me apegar fora desse mundo, mas eu não encontro. Não me vejo em outro lugar se não esse em que estou, mesmo sentindo, e sabendo querer, que não é aonde pertenço.
Você não é a primeira pessoa a tentar me despertar Adam, ainda que fora da forma menos gentil que a maioria, mas eu compreendo que é o seu jeito de se expressar, tão vivo em você como o brilho desses olhos que me fazem ter ânsia por acreditar em algo que possa me libertar. Ainda assim, essa é uma busca minha e todas as decisões que competem para realizá-la devem ser tomadas somente por mim.
Então, ao invés de lhe desculpar por algo que na verdade não é necessário, apenas lhe peço que entenda, ou tente entender: Eu não posso caminhar depressa por um caminho desconhecido em busca de algo que eu nem mesmo sei o que é. Preciso seguir meu próprio ritmo, ao meu próprio tempo.”
Evanna”
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